Você está deitado na cama da UTI.
Lá fora não se sabe ao certo se é dia ou noite. Faz algum tempo que você se
habituou a essa rotina sem horários e compromissos. Aparelhos e fios se prendem
ao seu corpo te obrigando a ficar estático diante da própria vida. O médico de
cabelos grisalhos chega até sua cama. Ele carrega uma prancheta na mão e uma
tristeza nos olhos. Você o encara. Ele, aparentemente atordoado, fica longos
segundos sem ter o que dizer. Deixa a prancheta no cômodo ao lado e
volta a te encarar novamente. Você começa a ficar angustiado. As primeiras
palavras dele são: “Eu sinto muito. Fiz o que pude.” Sua angústia
instantaneamente se transforma em desespero. Ele volta a falar palavras
assustadoras: “Sua doença tomou conta de órgãos vitais. Vou injetar um forte
remédio em você para não sentir dor quando a hora chegar. É... na verdade.. me
desculpe, desculpe mesmo, mas você só tem 1 hora de vida.” O tempo para. O
médico vai embora. Tudo parece ficar em câmera lenta. Ele volta lentamente com
a injeção nas mãos e coloca o veneno nas suas veias. Agora só o tempo sabe o
que você vai sentir nos próximos 60 minutos. O que você faria? Essa é a hora
fatídica em que todos olham para trás. E seguindo a tradição, você também provavelmente
vai pensar no que fez com a própria vida. No que de fato você se arrependeria?
De não ter comprado aquele carro importado ou de ter recusado aquele piquenique
com a família? Das palavras grossas que você disse ou das doces que deixou de
falar? Você se arrependeria de não ter guardado mais dinheiro ou das viagens
que deixou de fazer? E quanto às longas noites de trabalho, você deveria ter
recebido uma promoção ou chegar a tempo em casa para dar boa noite aos seus
filhos? Será que, enfim, na última hora do seu respiro, você se arrependeria de
não ter aproveitado a vida? Bom, eu espero que não. Pois deve ser muito triste
abrir os olhos quando você sabe que nunca mais vai acordar.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
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