terça-feira, 26 de outubro de 2010

O quadro branco





Aos poucos vou colorindo esses dias vazios com branco.
Desejos indispostos, sentimentos confusos,pensamentos sem foco.
Dependência que incomoda
Rotina que só piora, onde está minha paleta de cores? Faltam tantas cores!
Me habituo com o preto e branco já comum, retrato antigo, existência tradicional.
O que é triste não é novo, o que é bom, virou raridade.
Péssima hora para matar dias, é que a paralisia me pegou. Me encontro em tupor.
Não leio, não vejo, não ouço, não quero sentir embora o sentimento sempre chega sem convite nem hora marcada.

Quando me reencontrar novamente, que tal começarmos com o verde? Esperança talvez seja um bom começo.
Ando precisando um pouco de amarelo também. Bem-estar e radiação que tanto falta.
Com certeza o vermelho se fará presente. Quem seria de nós sem o amor, não consigo imaginar o vermelho ausente do meu quadro. Tudo que vibra, tudo que queima, sempre com muita força e presença.
Coloco um pouco de azul, afinal, os sonhos sempre estarão ali, em minha mente esperando educadamente um dia incerto e mesmo que esse dia não chegue, são desses sonhos que me alimentarei nos piores momentos.
Azul e verde, sonhos e esperança, serão duas bonitas pinceladas.

Um projeto de um começo. Depois de um tempo, não sou mais eu que pinto o quadro mas o quadro que me espelha. Só preciso começar.
Olho para o branco angustiadamente, confusa, perco as ações de minhas mãos.
Onde está minha paleta de cores?
 Até quando não sei, mas a ausência de cor é o meu mais novo auto retrato.Cores que se perdem entre móveis, entre cenas. Cores que foram roubadas para alimentar talentos alheios. Chega de tanto branco. Esse quadro clama por vida enquanto eu,
paciente que sou, espero meu arco-íris.