Tem algo preso dentro de mim. Memórias, lembranças, resquícios
de um alguém que perdeu significados.
O ar não entra, a raiva não sai. O ciclo
está quebrado. Como posso respirar?
Parece que o oxigênio brigou com meu estado de espírito.
Parece que estou sendo esmagada por dentro, pelo próprio peso da mente.
Devastadora, espreme órgãos, quer matar o coração.
E o ciclo quebra. Um corpo que de tantos ares passados não permite
o puro entrar.
E o que faz de mim doente, é exatamente a falta dele. Ar Puro.
Ar que só sinto na brisa dos meus cabelos,
ar puro que só sinto quando toca
rostos alheios. Ar que renuncia entrar nos meus pulmões.
Mas o elemento não é a
culpa da minha doença, eu mal sabia que podia controlá-lo.
Como ele pode entrar
se nada pode sair? Como posso mudar se as raízes ainda estão ali.
3,4,5,7 anos
eu cresço, nada se transforma. O tempo não existe para meus fantasmas, eles
estão exatamente ali, onde deixei há tantos anos. Afinal, ninguém inconveniente
muda por vontade própria.
As vezes, é preciso exigir que nos deixem. Já que não
agüento mais lembranças sendo assobiadas nos meus ouvidos. Chega.
Quero a liberdade da minha própria vida.
Quero deixar sair o mesmo ar que entra
no meu corpo. E que seja instantâneo, que seja limpo, sem obstáculos, sem barreiras.
E assim eu saberei, estarei livre. Estarei saudável.