Nesse exato momento,
me encontro deitado na cama. A escuridão do quarto dá boas vindas a luz
prateada da lua pela janela escancarada. Não deito como um homem são que tranqüilo
adormece. Pelo contrário, minha situação é de plena desgraça. O mundo cai aos
meus olhos toda vez que ouso abrir minhas pálpebras.
O peso da alma é indescritível.
A dor no peito, habitual. Porém, ainda assim dolorosa.
Seguro como garras o
lençol branco em agonia, minha posição é fetal. Meus gritos são abafados pela
minha estúpida consciência. A vergonha do grito aos poucos se habitua à
existência. O choro, tento evitar ao máximo. Enquanto mais tempo resisto,
parece que agulhas querem descer a garganta em desespero.
Os minutos passam
lentos demais enquanto enfraqueço, o corpo ainda pesa mas parece anestesiado.
Meu Deus! É tudo tão triste... Tão trágico. Queria acordar, queria não
acreditar. Já está feito.
Tragédia irreversível. Respire, é só mais um dia de
cão.